Uma investigação da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), denominada Operação Hipócrates, deflagrada pelo 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), resultou na prisão de Gabriel Ketzer, um homem que se passava por médico e realizava atendimentos clandestinos a crianças em diversas unidades de emergência e urgência de saúde da capital amazonense. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa nesta terça-feira (30), com detalhes da investigação e da prisão.
Segundo o delegado responsável pelo caso, a investigação durou aproximadamente 30 dias, após o recebimento de uma denúncia anônima. O denunciante revelou a atuação do falso médico na região metropolitana de Manaus. A partir da denúncia, a polícia iniciou um levantamento de informações, utilizando inclusive as redes sociais do próprio investigado, onde foram encontradas pistas valiosas e identificados alguns pacientes. Ao contatar esses pacientes, a polícia confirmou que eles e seus filhos haviam sido atendidos por Gabriel Ketzer.
Com a confirmação da denúncia, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva do suspeito e pela expedição de mandados de busca e apreensão em seu domicílio e em uma entidade beneficente onde ele atuava como médico voluntário. O objetivo da operação é desdobrar as investigações para identificar outras pessoas envolvidas no esquema criminoso, principalmente médicos que tinham conhecimento da falta de qualificação técnica de Ketzer e que, porventura, permitiram que ele utilizasse seus nomes para realizar os atendimentos.

As investigações preliminares apontam que Gabriel Ketzer atuava como falso médico há pelo menos dois anos, identificando-se como pediatra e ortopedista, com foco principal no atendimento a crianças. Ele se aproveitava de sua participação como voluntário em uma fundação para cooptar pacientes e também abordava famílias em um hospital universitário, coletando informações e entrando em contato para oferecer seus serviços “especializados”.
A polícia suspeita da participação de outros indivíduos, especialmente médicos que poderiam ter permitido que Ketzer cobrisse plantões em seus lugares, mesmo cientes de sua inabilidade técnica. Essa linha de investigação será intensificada para identificar não apenas médicos, mas também outros profissionais de saúde que possam ter tido conhecimento ou falhado em verificar a qualificação do suspeito antes de permitir que ele atendesse nas unidades de saúde. Um prontuário médico de uma criança atendida por Ketzer, onde ele se identificava como pediatra e ortopedista, foi crucial para subsidiar o pedido de prisão preventiva.
Na residência de Gabriel Ketzer e na sede da fundação onde ele atuava, foram apreendidos centenas de documentos, incluindo carimbos, medicamentos, receituários médicos, o aparelho telefônico do suspeito e um computador. Todo o material será submetido à análise técnica para identificar outras pessoas com possível envolvimento no esquema.

Foto: Divulgação / PC-AM
O delegado informou que, com a divulgação do caso pela imprensa, a polícia espera que outras vítimas compareçam à delegacia para relatar possíveis problemas de saúde ou agravamentos de doenças decorrentes do atendimento inadequado prestado pelo falso médico. A princípio, Gabriel Ketzer será indiciado por falsa identidade, falsidade ideológica, exercício irregular da profissão, curandeirismo, charlatanismo, uso de documento falso, emissão de atestado médico falso e estelionato em desfavor de vulneráveis. As investigações continuam para robustecer o inquérito policial.